Por dia, 130 mil litros de
chorume viram água e adubo em aterro do ES.
No RJ, empresa economiza R$
300 mil em dois meses com tratamento.
Do Jornal Nacional
Por Agaci Soares
Imagens Jornal Nacional |
As tecnologias de proteção e de
recuperação do meio ambiente têm conseguido resultados revolucionários no
Brasil e no mundo. O chorume, aquele líquido resultante da decomposição
do lixo, já pode ser transformado em água pura.
A maior parte do lixo gerado no
Brasil é matéria orgânica, principalmente restos de comida. A decomposição
desses resíduos provoca o aparecimento do chorume, o suco do lixo, um líquido
escuro, tóxico, que pode contaminar as águas subterrâneas. Na maioria dos
aterros do país, não há tratamento adequado para o chorume.
“Não é possível que a gente
continue levando o chorume para estações de tratamento de esgoto que não tratam
chorume. Diluem apenas”, comenta o engenheiro civil Walter Plácido.
Uma das exceções é o aterro de
Cariacica, no Espírito Santo. Lá, uma tecnologia totalmente brasileira
transforma 130 mil litros de chorume por dia em água tratada e adubo.
“95% do chorume vira água e os
outros 5% são transformados em resíduo, na forma de um lodo sólido, sendo que
este resíduo pode ser utilizado em processos de compostagem para que sejam
transformados em adubo orgânico”, explica o empresário Poy Ramos Carneiro.
Em São Gonçalo, na Região
Metropolitana do Rio, o tratamento do chorume é ainda mais sofisticado. Sai
mais barato tratar o chorume por essa tecnologia alemã do que levar o material
para tratamento em uma estação de esgoto.
O chorume recolhido do aterro é
bombeado para uma miniestação de tratamento que cabe em um contêiner.
Equipamentos de última geração filtram o chorume. Micro membranas só deixam
passar as moléculas de água. O resultado do processo é impressionante. É água
pura, destilada. O que era problema virou solução. Uma economia de R$ 300 mil
em apenas dois meses.
“Eu acho que é um primeiro passo
para que o país evolua no tratamento do chorume para todos os aterros”, diz
Milton Pilão Junior, executivo da empresa de tratamento de resíduos.
O desafio agora é descobrir o que
fazer com 80 mil litros de água destilada por dia.
“Os usos mais nobres desta água
deveriam ser usos industriais. Indústrias que têm necessidade de água com alto
padrão de desmineralização, alto padrão de destilação”, aponta o engenheiro
Walter Plácido.
Por enquanto, a água destilada está
sendo usada para baixar a poeira dentro do próprio aterro. Um banho de luxo,
até que novos negócios transformem essa água em uma fonte de receita para quem
cuida do lixo.
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