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terça-feira, 19 de agosto de 2014

Só 10% dos detentos têm acesso à educação dentro das prisões brasileiras

Por Davi Lira - iG São Paulo 

Enquanto a demanda por educação nas prisões é alta, a oferta de ensino aos detentos é insuficiente

Imagens IG
Mesmo sendo considerada como um caminho para a reinserção de detentos à sociedade, instrumento de diminuição da reincidência criminal e contraponto à "escola do crime", a educação formal alcança apenas 10,2% dos presos brasileiros. Do total de 574.027 pessoas privadas de liberdade no País, apenas 58.750 têm acesso à escolarização.
Os dados oficiais aos quais o iG Educação teve acesso foram fornecidos pelo Ministério da Justiça (MJ). A reportagem só teve acesso aos números após o envio de uma série de solicitações. Foram mais de dois meses de espera para o recebimento dos dados mais atualizados, referentes à 2013.
O quadro de acesso à educação nas prisões se torna ainda mais "catastrófico", segundo especialistas, quando é analisado o perfil de escolaridade da população prisional. Quase metade dos detentos brasileiros nem sequer têm ensino fundamental completo. E mais de 25 mil são analfabetos. Ou seja, demanda é o que não falta, já que 90% dos presos não terminaram a educação básica:
E esse cenário de descaso não está presente apenas em regiões específicas, mas sim em todo o Brasil, afirma Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
 "O problema é uma realidade presente por todos os Estados brasileiros. O sistema carcerário acaba bloqueando o direito à cidadania dos detentos, por ele [o sistema carcerário] não compreender que o preso que está cumprindo a pena é um cidadão com direitos. Além da educação, o direito ao trabalho e à saúde também são negligenciados", diz Cara.
O descaso é confirmado pela Relatoria Nacional para o Direito Humano à Educação, que fez uma pesquisa in loco em prisões brasileiras. "Informações e análises diversas apontam a profunda precariedade do atendimento educacional no sistema prisional brasileiro que enfrenta graves problemas de acesso e de qualidade marcados pela falta de profissionais de educação, projeto pedagógico, infraestrutura, formação continuada e materiais didáticos", conclui a pesquisa, conduzida pela educadora Denise Carreira.

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