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sexta-feira, 13 de junho de 2014

“Talvez” por Roberto Gomes


Perguntas como Quem Eu Sou já deve ter passado na cabeça da maioria das pessoas, senão de todas elas. Tais dúvidas parecem ser recorrentes ao lidarmos com o fato de não sabermos o que estamos fazendo aqui no mundo enquanto vida. Essas dúvidas que nos rondam trazem para nós a angústia do nosso ser, sendo esse um dos únicos sentimentos capazes de nos colocar no centro enquanto Eu.
Agimos como se fossemos feitos de certezas, e muitas vezes queremos apenas aparentar assim ser. Quem nunca ouviu a sua mãe falar: “Você nem sabe o que é a vida”, e assim age como se soubesse, indo todo dia do trabalho pra casa e da casa pro trabalho. E eis o grande ciclo da “vida”: Nascer, estudar, trabalhar, e finalmente ganhar dinheiro para sobreviver, porque como bem diz Marx: “Só vive quem trabalha”, mas afinal, isso é a vida? Não sabemos, mas porque agimos como se soubéssemos? Parece que apenas seguimos um padrão calculado, cuja função não dá para ter certeza.
Um dos únicos sentimentos que nos traz para Nós é angustia, é quando o Ser se coloca no centro, e passa a vê-lo individualmente, é quando o homem se distância do mundo, das distrações e passa a se ver, a olhar para si. Mas tal sentimento não é desejado, muito pelo contrário, o evitamos, visto as consequências de tal incerteza de certezas. O Ser parece ser distante do Ser, ao mesmo tempo que o Ser parece estar distante da vida. Mas por que essa distância? Se supostamente Somos o Ser e Somos a Vida? Por que tanto evitamos esse conhecimento de si? Parece que estarmos sedados ou entretidos com algo fora de nós é mais confortante. Ver uma novela, um filme, usar drogas, ir à igreja, parece dar lugar a distração, o negar-se.

A verdade é que não teremos as respostas dessas perguntas, e muito menos não sabemos dizer o que é a vida, mas isso não é motivo para evitar as dúvidas e não pensar sobre, muito menos pegar tudo pronto e reproduzir. Temos crenças sim, e esperamos que essas crenças sejam padrões e se repitam, se concretizando assim em certezas, mas e se não forem? Quando na verdade parecemos estar apenas caídos nessa inércia de conceito genérico de vida. Tal modelo que não conseguimos sair, nos restando assim, apenas as utopias, fazendo ótima referência a sua etimologia. 

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