Perguntas como Quem Eu Sou já deve
ter passado na cabeça da maioria das pessoas, senão de todas elas. Tais dúvidas
parecem ser recorrentes ao lidarmos com o fato de não sabermos o que estamos
fazendo aqui no mundo enquanto vida. Essas dúvidas que nos rondam trazem para
nós a angústia do nosso ser, sendo esse um dos únicos sentimentos capazes de
nos colocar no centro enquanto Eu.
Agimos como se fossemos feitos de
certezas, e muitas vezes queremos apenas aparentar assim ser. Quem nunca ouviu
a sua mãe falar: “Você nem sabe o que é a vida”, e assim age como se soubesse,
indo todo dia do trabalho pra casa e da casa pro trabalho. E eis o grande ciclo
da “vida”: Nascer, estudar, trabalhar, e finalmente ganhar dinheiro para
sobreviver, porque como bem diz Marx: “Só vive quem trabalha”, mas afinal, isso
é a vida? Não sabemos, mas porque agimos como se soubéssemos? Parece que apenas
seguimos um padrão calculado, cuja função não dá para ter certeza.
Um dos únicos sentimentos que nos
traz para Nós é angustia, é quando o Ser se coloca no centro, e passa a vê-lo
individualmente, é quando o homem se distância do mundo, das distrações e passa
a se ver, a olhar para si. Mas tal sentimento não é desejado, muito pelo
contrário, o evitamos, visto as consequências de tal incerteza de certezas. O
Ser parece ser distante do Ser, ao mesmo tempo que o Ser parece estar distante
da vida. Mas por que essa distância? Se supostamente Somos o Ser e Somos a
Vida? Por que tanto evitamos esse conhecimento de si? Parece que estarmos
sedados ou entretidos com algo fora de nós é mais confortante. Ver uma novela,
um filme, usar drogas, ir à igreja, parece dar lugar a distração, o negar-se.
A verdade é que não teremos as
respostas dessas perguntas, e muito menos não sabemos dizer o que é a vida, mas
isso não é motivo para evitar as dúvidas e não pensar sobre, muito menos pegar
tudo pronto e reproduzir. Temos crenças sim, e esperamos que essas crenças
sejam padrões e se repitam, se concretizando assim em certezas, mas e se não
forem? Quando na verdade parecemos estar apenas caídos nessa inércia de
conceito genérico de vida. Tal modelo que não conseguimos sair, nos restando
assim, apenas as utopias, fazendo ótima referência a sua etimologia.
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